Estive cerca de 2 meses a viver em Dakar, Senegal. Vi muita coisa, aprendi outro tanto. E uma das coisas que aprendi, já mesmo no fim, é que por mais que eu queira fazer dez coisas ao mesmo tempo não vou conseguir ser bem sucedida; é preciso fazer uma coisa de cada vez, sem pressas. No meio desta viagem além de ter conhecido um pouco de outras culturas, comecei a apreciar as pequenas coisas das mesmas... E percebi que ainda terei muito para aprender! Uma das coisas que posso tirar como lição é que confiar de mais é fatal! Pensar que alguém nos irá acompanhar para ''sempre'' é a maior estupidez. Pensar que as pessoas não mudam é outra estupidez. E acreditar totalmente no que nos dizem... Isso é burrice pura. Já é o segundo novo começo que faço neste ano de 2012. Ter de começar tudo de novo em Dakar e largar tudo o que tinha cá, agora começar quase tudo de novo cá. Podia dizer ''c'est la vie'' como dizia a uma pessoa que conheci em Dakar; mas no fundo essa frase tornou-se patética, demasiado conformista. As pessoas devem fazer o que as faz feliz, não devem procurar agradar as outras, tentar ajudá-las a ser feliz é uma patetice, porque se o nosso tempo for para essa pessoa, nós próprios ficamos sem tempo para a nossa felicidade.
Nestes dois meses também tive a oportunidade de conhecer alguém muito parecido comigo. E quando conhecemos alguém parecido connosco começamos a perceber-nos ainda melhor, a ver os nossos pontos fracos de outra forma, a ver o que nos faz falta, o que nos faz bem. Além disso senti que o podia ajudar e ele o mesmo, a mim. Com o passar do tempo podemos-nos tornar pessoas demasiado fechadas, demasiado frias... Alguém que nos proíba de ser assim acaba por ser bom. Ainda considero que, apesar de tudo, não temos de bloquear emoções, não temos de fingir que as coisas estão bem quando não estão. Não temos vidas perfeitas: não acordamos sempre bem. Pela nossa vida passam pessoas que nos fazem perder tempo, que nos magoam. Não é por isso que devemos fingir que as coisas estão bem! Há que encarar a realidade, perder algum tempo a pensar no assunto, chegar a conclusões e seguir em frente! E quando o encontrei senti-me mesmo bem... Para começar o facto de ter de falar tudo noutra língua nunca será o mesmo que na língua materna. Ora não conseguiria explicar tudo o que escrevi agora, exactamente, com a mesma entoação. Mas sempre tentei dar o meu melhor... No entanto sentir que falava um pouco e ele já me entendia era muito bom. É como começar uma frase e a pessoa saber o que estou a pensar, o que quero dizer. Nunca me vou esquecer do olhar. Antes odiava olhar alguém nos olhos... Comecei a gostar e a adorar! Gostava de perder minutos, no meu silêncio a olhá-lo nos olhos. É como se visse lá as minhas respostas. Eu que esperava ficar um ano em Dakar e depois deparei-me que o melhor para mim era mesmo voltar a Portugal é como o choque de temperatura que apanhei, quando cheguei. Uma coisa era dizer: vou perder uma pessoa que vai viver para o Porto, ou até mesmo França, Espanha. Outra é saber que vivemos em continentes diferentes. Acho que até agora não conheci ninguém que me compreendesse tão bem em tão pouco tempo. Pode parecer ridículo... Mas é verdade. E quando perdemos pessoas assim vamos sentir esse vazio durante muito tempo.
E agora eu dizia C'est la vie!; Embora preferisse que fosse de outra forma. Talvez as coisas precisem mesmo de ser assim.
Chegada de manhã a Lisboa! 6h40m |
5 comentários:
Adorei o que escreveste. Já há algum tempo que não lia algo que me chamasse a atenção mas gostei imenso. Espero que nunca percas aquilo que aprendeste nesse pequeno capítulo :)
Teresinha! Você não me conhece e eu não a conheço a si e, porque acredito que nada na nossa vida acontece por acaso, deparei-me com o seu blog (creio que através da Stracci, clicando aqui e ali) e ao ler o que escreveu Domingo, dia 12 "News", revi-me brutal e totalmente nos sentimentos antigos e presentes que a Teresinha escreve de tal modo que pensei em optar ou por chorar, escrever-lhe, sorrir, segui-la ou esquecer. Fiz as quatro primeiras coisas e isto porque reprimir lágrimas, ter-se, nem que seja uma vez na vida, alguém que complete o abecedário que iniciei sem ser necessário dizer-lhe - continua tu - e mudar de vida porque esta já não me leva a lado nenhum, já senti, já tive e quero fazer. Perdoe as minhas palavras pois sou uma estranha "um pouco" mais velha que a Teresinha mas experiências de vida, sentimentos e semelhanças de testemunhos independentemente da idade, entre mulheres, é intemporal. Não pare de escrever, eu também tenho um blog que já pensei em fazê-lo desaparecer e incrivelmente fala sobre Àfrica, Norte e Sul dela, tal como a Teresinha. Repito, escreva sempre e deixe-me lê-la, talvez eu assim me sinta menos "diferente". Bem haja, Ana
Adoro o teu blog, já o sigo! :)
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Beijinhos e até já*
Ana nem imagina o que sinto quando leio que as pessoas gostam do que escrevo, mais do que isso que se identificam! É das melhores coisas que posso sentir, de verdade. Um grande obrigada e continuarei a publicar os meus textos. Beijinho
"Pensar que alguém nos irá acompanhar para ''sempre'' é a maior estupidez. Pensar que as pessoas não mudam é outra estupidez. E acreditar totalmente no que nos dizem... Isso é burrice pura. "
Adorei :) o meu novo estado no fb, uma grande verdade ! Beijinho *
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