Tecidos portugueses são utilizados por marcas europeias. Foto: Corbis |
Burberry, Emporio Armani, Hugo Boss, Paul Smith, Prada e Stella McCartney são algumas das marcas que já não dispensam os tecidos portugueses nas suas colecções. Com a preparação da colecção para a Primavera-Verão 2012 estão fazendo as suas compras, contribuindo para o aumento das exportações portuguesas de tecidos que, em 2010, cresceram 11,9% e ultrapassaram os 411 milhões de euros (dados ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal).
«O sector têxtil tem um know-how fortíssimo de exportação e de adaptação. O que é preciso é criatividade e perseverança», acredita José Alexandre Oliveira, presidente do conselho de administração da Riopele, uma das principais empresas têxteis nacionais (facturou 47 milhões de euros em 2010 e emprega cerca de 800 pessoas), que tem como clientes todos os grandes retalhistas norte-americanos e reputadas marcas europeias como Emporio Armani e Tara Jarmon.
E para a próxima estação quente, criatividade nos tecidos é o que não falta nas colecções nacionais, a começar pelos estampados. «Reina o estampado digital», afirma Paulo Renato Ferreira, director comercial da divisão moda da Adalberto Estampados, a empresa portuguesa que é uma referência mundial em estamparia digital. Com um efectivo de 365 pessoas e um volume de negócios de 24 milhões de euros (mais 18% do que em 2009), a Adalberto Estampados conta com clientes como Stella McCartney e Burberry, que não dispensam as vastas possibilidades que esta avançada tecnologia oferece. «Os clientes procuram, sobretudo, motivos florais com aspectos muito fluidos, cores fortes e quentes associadas aos próprios motivos e fibras naturais, como a seda e o incontornável algodão», acrescenta Paulo Renato Ferreira.
Também a Lemar, que registou um crescimento de 46% em 2010, para os 3,5 milhões de euros, sente no seu negócio a tendência dos estampados. «Nota-se uma maior procura dos estampados digitais», confirma Manuela Araújo, administradora da empresa que introduziu pela primeira vez esta tecnologia na colecção de tecidos para beachwear, lado a lado, com os efeitos stone wash, over dye ou bordados, que conquistaram a Benetton, Hugo Boss e Guess. Na paleta de cores predominam o azul-turquesa e o laranja.
Na camisaria, por seu lado, a Teviz, que cresceu 10% em 2010 para os 12 milhões de euros, propõe tecidos tintos em fio com bordados ou estampados, acabamentos Placato e tecidos com fio índigo para um look denim, o must-have da próxima Primavera-Verão. «Os clientes procuram coisas novas, diferentes do básico, pois esse fazem-no na China», afirma Paulo Loureiro, director comercial da Teviz, que oferece 250 novos desenhos nesta coleção. Incontornável na próxima estação quente será também o tecido de dupla face, tantos nos quadrados como nas riscas, que já seduziu o designer britânico Paul Smith e o actor norte-americano John Malkovich, agora também convertido em criador.
Estas empresas de tecidos participam dos principais eventos do sector, como a Première Vision em Paris e Nova Iorque, com o apoio da Associação Selectiva Moda (ASM). Estas iniciativas fazem parte do projeto de internacionalização da ASM para 2011, que totaliza 61 ações em 26 mercados distintos, num investimento total de 7,43 milhões de euros, financiados pelo QREN.